Quando alguém fala que seu Bonsai não apresenta uma “boa conicidade”, está se referindo ao formato geral da árvore, que quando observada na natureza possui a base larga e vai afinando até o topo, em um formato que lembra um cone (tronco em forma de cone).
É simples assim, conicidade é isso. E é daí que surgem os termos “boa conicidade“, “má conicidade“, “conicidade invertida” etc.
Desses termos, o mais curioso é o último, que é usado quando a planta tem a parte superior mais grossa que a base (algo como um cone de cabeça para baixo). Para muitos, e inclusive para concursos, isso é ruim para a apresentação do bonsai, já que na natureza a árvore, mesmo com intempéries, chuvas, seca, cresce sempre com uma conicidade regular, a base sendo maior justamente para susentar o resto da árvore. No bonsai, a conicidade invertida pode ocorrer por diversos fatores tais como:
- Apodrecimento de parte do tronco: forçando a remoção desta parte para que a planta não morra;
- Obstrução da seiva na parte superior do tronco: que pode ocorrer devido ao uso de arames muito apertados, fazendo com que “calombos” cresçam no tronco;
- Crescimento desordenado de galhos: se para sustentar o crescimento vertical a planta “engorda” a sua base, nos galhos ocorre a mesma coisa, quanto mais comprido for o ramo, maior será a sua base e quando galhos muito próximos começam a crescer muito, isso pode aumentar o tamanho daquela região onde eles brotaram; etc…
Acima listamos as causas mais “naturais“, porém a conicidade invertida pode surgir de diversos outros fatores, felizmente pra tudo existe uma solução. Infelizmente quase nenhuma solução lhe dará uma resposta imediata mas se você está se preocupando com conicidade, então já está mais do que acostumado a dar tempo ao tempo, já sabe que bonsai é paciência mesmo e que não existem fórmulas mágicas. Abaixo listarei algumas possíveis soluções, mas lembre-se de que sempre existe outra forma de se realizar um determinado procedimento e que cada um tem seus prós e contras (e tempos diferenciados de resposta).
- Estimular o crescimento de galhos na base da planta: fazendo com que ela “engorde” um pouco dali para baixo, já que é um processo natural para sustentar um galho muito comprido;
- Poda drástica: Caso possa reduzir a planta até a parte onde ela apresenta uma conicidade “normal“, faça uma poda drástica na parte superior, inclinada (na diagonal) de forma que a planta passe a apresentar um formato triangular, e aplique pasta cicatrizante para que, com o tempo (e se prepare para esperar), a própria planta cicatrize e dê um aspecto natural ao corte (ou o mais próximo possível do natural);
- Enxerto: Esta é uma técnica que no futuro receberá um post exclusivo, pois se trata de um assunto bastante extenso. Não funciona em todas as espécies, mas uma das formas de se fazer isso é através da encostia (método menos agressivo), que nada mais é do que fixar uma muda da mesma planta, na parte onde você quer corrigir a base (ou o nebari). Antes de fixar, é preciso fazer alguns cortes na parte onde ocorrerá a fusão (tanto na planta quanto na muda) e depois é aconselhável envolver toda a base com esfagno para manter a umidade constante e estimular a fusão. Essa técnica funciona muito bem com Ficus e Serissas, porém pode ser usada em diversas outras espécies também; etc…
O tempo de resposta de cada técnica pode variar de acordo com o clima de sua cidade, por exemplo, em lugares mais quentes, o enxerto tende a funcionar mais rápido, devido ao crescimento acelerado da planta. Mas lembrem-se que antes de realizar qualquer procedimento é preciso pensar bastante e buscar sempre a melhor solução. Nunca faça nada com pressa, ou correrá o risco de não ter bons resultados.
A imagem da árvore deste artigo é de um bonsai de 390 anos de idade que sobreviveu a uma bomba atômica, e ninguém sabia até 2001. Veja a história aqui: This 390-year-old bonsai tree survived an atomic bomb, and no one knew until 2001.
Uma resposta
Excelente, gostaria de um dia poder ir ao Japão conhecer mais sobre essa arte milenar, pena que isso é apenas um sonho distante da minha realidade.